segunda-feira, 9 de junho de 2008

Miniobservatório Astronômico de São José dos Campos recebe coordenação da USP para projeto nas escolas

Inaugurado em 2003 no INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), o Miniobservatório Astronômico de São José dos Campos, tem como principal objetivo de divulgar a astronomia para escolas de ensino fundamental e médio, cursos de extensão, treinamento de iniciação científica e público em geral.

Projeto Telescópios

O Miniobsevatório faz parte de um projeto chamado "Projeto Telescópios na Escola", que tem a coordenação geral do IAG/USP, com a participação do INPE, UFRJ, UFSC, UFRN e UFRGS.A coordenadora do Miniobservatório, Ana Maria Zodi, conta que uma atividade inovadora do Miniobservatório e que faz parte do objetivo central do "Projeto Telescópios na Escola" é a observação remota dos astros.
telescópio e realizar observações dos astros através da Internet", diz a coordenadora.

Ana Maria Zodi conta ainda que o Miniobservatório tem a
finalidade de divulgação da ciência que, além do interesse da população, possui caráter multidisciplinar, envolvendo áreas tão diversas como a geografia, física, engenharia e informática.

"Os telescópios são operados remotamente através de uma página da web, não necessitando de conhecimento prévio em astronomia. As escolas agendam uma observação remota e os alunos podem operar o

Investimentos

Os investimentos para a construção chegam a R$80.000, segundo a coordenadora do Miniobservatório. Além disso, também possui investimentos do INPE e houve aporte de recursos da Fundação Vitae e do CNPq, que apoiaram a implantação do Projeto Telescópios na Escola.

Atualmente, o Miniobservatório possui uma equipe de 11 profissionais, entre eles, pesquisadores, engenheiros e técnicos.

Visitação

O Miniobsevatório está aberto às quartas-feiras para as escolas realizarem visitas e sessões de observação remota dos astros, ambas das 19h às 21h.

Onde fica:
Avenida dos Astronautas, 1.758 - Jd. Granja (INPE) - São José dos Campos - SP
Telefone para contato: 3945-7200/6804


Equipe:

Repórter:
Moisés Rosa
Produção: Silvia Teles e Tássia Gregati
Edição: Honiley Souza
Coordenação: Paulo Silva

FOTOS: INPE

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Microcontrolador: Uma tecnologia que facilita a vida de muita gente

Saber quantos metros faltam para terminar uma maratona, a velocidade média desenvolvida durante o percurso, a pressão arterial, o batimento cardíaco entre outros dados pode melhorar o rendimento de um atleta durante uma competição. Isto já é uma realidade: as informações, transmitidas em tempo real, são captadas pelo tênis do maratonista. Essa tecnologia, no entanto, só é possível com o uso de um microcontrolador, que funciona como um minicomputador portátil.

Os microcontroladores, também chamados de chips, são componentes eletrônicos pequenos no tamanho mas versáteis e eficientes quanto aos recursos de que dispõem. Podem ser utilizados como um “cérebro” que controla enorme variedade de equipamentos.

Para funcionar, os chips precisam ser produzidos por um programa similar a um computador, com uma linguagem de programação específica (Assembly, Basic, C, etc). Só assim esses chips podem ser programados para realizar uma determinada tarefa.

Segundo o coordenador do Curso de Engenharia Elétrica da Univap em São José dos Campos, Prof. Dr. Luis Filipe Wiltgen Barbosa, os microcontroladores são interessantes porque têm a possibilidade de medir muitas coisas, interagindo com o ser humano. “Eu posso ter um relógio que verifica o batimento cardíaco, a pressão arterial, um telefone celular com inúmeras funções, um automóvel que me avisa quando está com algum problema, entre outros exemplos”, ressalta Wiltgen.

De acordo com a estudante de Engenharia Elétrica, Carolina Rodrigues Pinto, 21 anos, os microcontroladores são bem flexíveis e fáceis de usar, e o usuário pode trabalhar do jeito que quiser, de acordo com a programação que escolher.

Carolina é aluna do Prof. Wiltgen e criou um projeto no qual utilizou microcontroladores para confeccionar uma esteira, parecida com essas utilizadas em fábricas. “A experiência desse projeto foi muito interessante, pois com o uso de chips nos motores eu consigo controlar o tempo de funcionamento da esteira, obtendo um resultado bem legal”, conta a estudante.

O baixo consumo de energia é uma das principais vantagens dos microcontroladores. Esses componentes eletrônicos são utilizados geralmente em telefones celulares, calculadoras, relógios, tênis, elevadores, automóveis, máquinas de lavar, geladeiras, entre outros produtos.

Nem todo material eletrônico tem um chip de controle. No entanto, segundo o Prof. Wiltgen a tendência natural é que as máquinas simples passem a ter um microcontrolador, e aquelas que já dispõem dessa tecnologia evoluam para aparelhos ainda mais inteligentes.

Para ouvir a entrevista completa com o professor Wiltgen, clique aqui.


Equipe:
Reportagem:
Cláudio Monteiro
Produção: Andréia Santos e Pedro Barbosa
Edição: Mário Vinagre
Coordenação: Francisco Medina

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Com todo Gás

São José dos Campos encontra solução sustentável para o fim de gases poluentes

O alto volume de lixo que o ser humano produz por muitas vezes reflete na qualidade do meio ambiente. A existência de um aterro sanitário pode causar alguns danos como a contaminação do solo e da água, além de emitir o gás metano (CH4), um dos grandes responsáveis pelo aquecimento global. Por conta dessa realidade a cidade de São José dos Campos (SP) está realizando um projeto que visa transformar o aterro sanitário do bairro Torrão de Ouro em uma central de queima e eliminação de gases tóxicos.

O projeto desenvolvido pela URBAN (Urbanizadora Municipal), consiste no tratamento térmico do biogás, gerado a partir da decomposição do lixo orgânico. O gás é transportado por uma tubulação horizontal interligada aos drenos subterrâneos do aterro. Em seguida é inserido dentro de um contêiner de 20 pés de altura, onde foi instalada uma unidade de sucção, filtragem, secagem e queima dos gases. A queima do gás metano reduz a emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera, diminuindo a formação do efeito estufa. O sistema garante uma eficiência de 90% na sua eliminação sendo que o modelo atual totaliza apenas 2%.

De acordo com a assessoria de imprensa da URBAN, a união entre ciência e tecnologia é uma das soluções para minimizar o impacto da ação do homem no planeta. A pesquisa e o desenvolvimento da engenharia estão viabilizando formas mais eficientes de tratar os resíduos das atividades humanas e tornar os processos produtivos mais sustentáveis. A central de tratamento que será implantada em São José dos Campos pode ser um exemplo deste avanço, desenvolvido 100% com tecnologia nacional.

O projeto poderá render à cidade créditos de carbono, que podem ser negociados em bolsa de valores específicas e vendidos para paises que não conseguem diminuir a emissão de poluentes na atmosfera. Os créditos fazem parte do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), definido pelo Protocolo de Quioto*.

O aterro possui mais de 288 mil m² e já recebeu os equipamentos que compõem a central. As obras devem ser concluídas ainda neste semestre.

*O protocolo de Kyoto é um acordo internacional promovido pelas Nações Unidas. Ele surgiu em 1997, em Kyoto, no Japão. O protocolo prevê a diminuição da emissão de gases de efeito estufa em 5%, pelos países desenvolvidos participantes, no período de 2008 a 2012.
Equipe:

Produção: Priscila Martins
Repórter: Sebastião André
Editor: Joyce Maíra
Coordenador: Natalia Teodoro

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Geometra produz alta tecnologia no campus da Univap

Empresa de alta tecnologia do ramo aeronáutico foi a primeira a se instalar no Parque Tecnológico da Univap

A Geometra BTE, Bureau de Tecnologia e Engenharia Ltda., criada em São Paulo em 1998 e hoje instalada no Parque Tecnológico da Univap, está projetando e fabricando segmentos estruturais e componentes aeronáuticos em parceria com empresas do setor instaladas no Vale do Paraíba.

O impulso que fez a Geometra deslanchar originou-se de um contrato firmado com a Eviation Jets, empresa estadunidense que veio para o Brasil com a intenção de desenvolver e fabricar um jatinho executivo batizado de EV-20 Vantage.

“Ganhamos a concorrência para desenvolver o trem de pouso do Vantage, que a Eviation Jets pretendia produzir aqui na cidade. Foi isso que nos motivou a mudar para cá.”, afirma Luiz Paulo Junqueira, presidente da Geometra.

O Vantage seria todo fabricado em fibra de carbono, material “termoplástico” muito mais leve e resistente que o alumínio aeronáutico e imune à corrosão. A Geometra chegou a desenvolver também o projeto de fabricação da asa do avião nesse material, cuja produção seria feita por uma empresa do ABCD paulista. Mas, devido à falta de recursos, no começo de 2006 a Eviation Jets encerrou o projeto.

“Esse acontecimento acelerou a idéia que já tínhamos de consolidar a Geometra como uma empresa de engenharia que não apenas projetasse produtos para o segmento aeronáutico, mas também coordenasse a subcontratação da fabricação desses itens às indústrias do setor instaladas em São José dos Campos e arredores.”, diz Junqueira.

No ano passado a empresa conseguiu fechar um contrato para a produção de ferramental dos spoilers (superfícies de controle de vôo) do Boeing 737 com a Ducommun Aerostructures, do México, que fornece esse componente para a Boeing.

"Vencemos a concorrência em parceria com a Tracker, aqui de São José, que fabricou o ferramental. Entregamos o material dentro do prazo e preço contratados, consolidando nossa credibilidade como fornecedores idôneos para o setor aeronáutico, o que deverá abrir as portas para novos negócios.”, acrescenta Junqueira.

Outro contrato importante foi fechado com o Comando da Aeronáutica, para a fabricação de trens de pouso para a frota de treinadores Embraer T-27 Tucano empregados pela Força Aérea Brasileira (FAB). Esses aviões são utilizados na instrução dos cadetes da Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), e completarão em setembro 25 anos de uso. Como seus trens de pouso estão atingindo o limite da vida útil, terão que ser substituídos.

O trem de pouso original do Tucano é forjado e depois usinado, sendo caro e demorado para fabricar. Por isso, a Geometra propôs à FAB fabricá-lo a partir de blocos sólidos de alumínio aeronáutico, usinados em fresas digitais de cinco eixos, que dão a conformação final à peça. A utilização desse processo, permitiu que o trem de pouso fosse todo feito no Brasil, barateando os custos.

“Reprojetamos o conjunto, mantendo as dimensões e geometria originais, mas refazendo os cálculos estruturais devido à mudança dos materiais e processo de fabricação. Submetemos o projeto à FAB, que o aprovou e fechou o contrato conosco. As peças estão sendo produzidas em parceria com a Usitec, de Jacareí, com processos de fabricação e inspeção gerados pela Geometra. Os ensaios do equipamento estão em andamento no Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial. O controle de qualidade, montagem e entrega são feitos por nosso pessoal.”, complementa o executivo.

A Geometra quer voar mais longe e mais alto e tem outros projetos promissores no horizonte. Um deles é o de uma roda em materiais compostos, para aplicação aeronáutica, que deverá ser bem mais leve e resistente do que as atuais de metal. Segundo a empresa, se essas rodas forem aprovadas, a redução de peso em relação às de metal, num avião de transporte militar como o Lockheed C-130 Hercules, será da ordem de 60 quilos.

Outro é o de um treinador primário com motor a pistão para substituir os Neiva T-25 Universal, que estão em serviço na AFA há mais de 40 anos. O projeto, conhecido provisoriamente pela sigla TX-C (Treinador Primário Experimental em Fibra de Carbono), é baseado no protótipo K-51 desenvolvido por José Kovács, o mesmo projetista que concebeu o T-25 e também o Tucano. O novo avião será quase que totalmente fabricado em fibra de carbono e terá desempenho bastante superior ao de seu antecessor.

“Temos outros projetos aeronáuticos promissores em andamento, mas não podemos revelar detalhes porque estão ainda em fase de concepção e procura de sócios para viabilizá-los comercialmente.”, finaliza Luiz Paulo Junqueira.

Equipe:

Reportagem e Fotos: Mário Vinagre
Edição: Chico Medina e Andréia Santos
Revisão: Mário Vinagre
Produção: Cláudio Monteiro
Coordenação: Pedro Barbosa

terça-feira, 3 de junho de 2008

Jornalismo Cientifico a distancia na UNIVAP

A UNIVAP Virtual, fundada em fevereiro de 2006, tem o objetivo de oferecer educação de qualidade à distância do curso de Jornalismo Cientifico.

Na UNIVAP, o curso de Jornalismo Cientifico a distância tem o objetivo de discutir o papel do jornalista no processo de divulgação da ciência e na formação da opinião pública, analisar o estado da arte e a qualidade da divulgação científica e tecnológica nos meios de comunicação e ainda demonstrar a necessidade de um jornalismo científico crítico e analítico que contribua com a formação da opinião pública.

A Universidade que fez parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Cientifico no final de 2004, recebeu o apoio para contribuir na formação de jornalistas, professores e divulgadores da área de ciência e tecnologia nacional e em outros países de língua portuguesa.

O curso atende a todas as exigências da CAPES/MEC, inclusive a carga horária de 360 horas.
A implantação do sistema de educação à distancia, junto com a plataforma do TelEduc, permite uma melhor interatividade entre alunos, professores e instituições, contribuindo para uma melhoria na dinâmica das aulas,

O Manual do TelEduc, pode ser encontrado no site do curso www.sed.univap.br/posgrau/jcead.
A Comtexto, Comunicação e Jornalismo a Distância, também oferece aulas de Jornalismo Cientifico a Distância em turmas ou cursos individuais.

Os cursos em turmas pressupõem que existem já turmas formadas (você inclusive pode formar a sua turma) e podem ser oferecidos a qualquer momento. Em geral, eles têm sido realizados para empresas, universidades (em parceria com a Comtexto) ou mesmo para grupos de interessados (o número mínimo de alunos é 10). Os cursos individuais começam a qualquer momento, geralmente de 3 a 5 dias após a efetivação da inscrição (ver informações no menu Inscrição os procedimentos para inscrição). Nos cursos individuais, fica sempre mais fácil ao professor ser flexível quanto ao prazo do curso, já que o eventual atraso de um aluno não compromete os demais. O professor responsável pelos cursos a distância da Comtexto é o jornalista e professor Wilson da Costa Bueno.

Os interessados podem acessar o site www.comunicacaoadistancia.com.br e se informar sobre o cursos.
Algumas questões levantadas por internautas no site são:
- As aulas são encaminhadas via e-mail aos alunos? Não, para evitar spams, vírus ou bloqueio por parte de provedores, as aulas ficam disponíveis em sites exclusivos e podem ser lidas, copiadas etc, como acontece com qualquer site da web.
- Que atividades o aluno precisa cumprir para ser aprovado no curso? Em geral, o aluno deve cumprir 70% das atividades previstas no curso, ou seja, deve participar do grupo de discussão e responder às questões formuladas de pelo menos 7 das 10 aulas previstas para cada curso.
- O aluno tem contato direto com o professor? Sim, de várias formas. Diretamente por e-mail , mas também por telefone (basta combinar com o professor um horário para isso). Quem reside em São Paulo, pode encontrá-lo, se tiver um pouquinho de sorte, também nas universidades onde dá aula (USP e UMESP).
- O professor está sempre conectado na Web? Não, mas ele acessa a sua caixa postal todos os dias e, quando necessário, responde as mensagens, esclarece dúvidas etc. Nos cursos em turmas, ele participa necessariamente do grupo de discussão ou do fórum e nos cursos individuais é ele quem recebe a sua mensagem, que deve, portanto, ser encaminhada para o e-mail particular dele (professor@comtexto.com.br).

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Um novo olhar sob o planeta

Doença, epidemia, caos na cidade. Por volta de 1850, surge em Londres, o protoSIG*- Sistema de Informação Geográfica, que ajudou a controlar o surto de cólera que se alastrava pela capital inglesa. Um século mais tarde, nasce em São José dos Campos, o SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georeferenciadas.

O software é a fusão do Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. Foi desenvolvido pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em meados de 1994, com a finalidade de aplicar a Agricultura, Gestão Ambiental, Geografia, Planejamento Urbano e Regional, além de torná-lo acessível à comunidade brasileira.

Algumas empresas e órgãos como a Prefeitura Municipal de São José dos Campos, utilizam o SPRING, “optamos pelo software, por ser ele de domínio público e porque os munícipes podem manipular abertamente. Todas as secretarias possuem o sistema instalado e a idéia é que cada secretaria forneça subsídios para auxiliar umas as outras”, relata Jussara Starling, Assessora de Geoprocessamento da Secretaria de Planejamento Urbano.

Através do sistema, é possível minimizar acidentes, calcular a dimensão de área verde por habitantes, visualizar áreas de risco, fazer mapeamento e monitoramento ambiental, entre outros. De acordo com Jussara, “o munícipe passa a ser um técnico disciplinar”.

Para ter acesso as informações, é preciso baixar pela internet o programa disponível no endereço www.dpi.inpe.br/spring e preencher o cadastro na própria home page. O usuário armazenará um banco de dados com as ferramentas essenciais ao seu uso, o software atualizado pode também ser retirado na Prefeitura. Uma nova versão 5.0 já está em desenvolvimento pelo INPE.

Legenda:
* SIG - sistema que permite compatibilizar a informação proveniente de diversas fontes, como informação de sensores espaciais (detecção remota / sensoriamento remoto), informação recolhida com GPS ou obtida com os métodos tradicionais da Topografia.
Curiosidade - protoSIG é o trabalho desenvolvido pelo Dr. John Snow em 1854 para situar a fonte causadora de um surto de cólera na zona do Soho em Londres, cartografando os casos detectados. Esse protoSIG permitiu a Snow localizar com precisão um poço de água contaminado como fonte causadora do surto.

Bibliografia:
“SPRING: Integrating remote sensing and GIS by object-oriented data modelling” Camara G, Souza RCM, Freitas UM, Garrido J Computers & Grafics, 20: (3) 395-403, May-Jun 1996.

www.dpi.inpe.br/spring
http://www.funcate.org.br/
http://www.sjc.sp.org.br/


Reportagem e edição: Letícia Baoli
Coordenação: Jéssica Wiik
Produção: Andréa Curvello, Caroline Alves e Monaliza Theodes

terça-feira, 27 de maio de 2008

A ciência é show!

Grupo aposta na ciência divertida para chamar a atenção dos expectadores


Experiências surpreendentes, interação com o público e disseminação da ciência. Este é o grupo “Ciência em Show”, formado no ano de 2000 por 3 cientistas que toparam divulgar a ciência de forma dinâmica e atrativa em suas apresentações.

O grupo, que já participou de vários programas de tevê, conta que a mídia brasileira, mais especificamente a televisão, está despertando para a importância da divulgação científica.

“Existem pesquisas que apontam o assunto 'Ciência' como o segundo tema pelo qual a população mais se interessa, atrás apenas do tema 'Saúde'", diz o grupo.

Em relação à formação científica, o “Ciência em Show” comenta que faltam pessoas capacitadas para produzir um projeto de divulgação científica em massa. “É difícil reunir todos os requisitos para tal. Existem diversos profissionais extremamente competentes no país, entretanto, a academia é bastante conservadora no que se diz respeito a popularização da linguagem científica”, dizem os integrantes do grupo.

Incentivo
Para eles, o apoio que o Governo oferece às pesquisas científicas não é o adequado. “Está longe do ideal. No entanto, nos últimos tempos houve progressos importantes”, finalizam.


Equipe:

Repórter: Moisés Rosa
Produção: Silvia Teles e Tássia Gregati
Edição: Honiley Souza
Coordenação: Paulo Silva

Raios – Uma ameaça que vem do céu

Se você estiver em um local sem abrigo próximo e sentir seus pêlos arrepiarem ou sua pele coçar, cuidado: um raio vai cair. Ajoelhe e curve-se para a frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. (Ah, não se esqueça de rezar!)

Prepare-se, pois neste ano o Brasil está sob a influência do fenômeno La Niña, resfriamento das águas do Oceano Pacífico. Por isso houve um aumento significativo na incidência de raios em todo o território nacional, aumentando também o número de mortes.

Segundo dados do ELAT (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o verão de 2008 terminou com mais de 40 mortes causadas por raios. Isso representa mais do que o dobro dos casos registrados no mesmo período de 2007: de janeiro a março do ano passado, 18 pessoas morreram.

No Vale do Paraíba (SP) houve uma morte por raio em 2008, no dia 18 de fevereiro, em Cruzeiro. Um homem de 27 anos trabalhava no plantio de árvores quando foi atingido. Em 2007, o número foi o mesmo. Uma menina de 11 anos morreu no dia 19 de fevereiro, ao ser atingida perto de uma árvore.

A divisa entre São José, Jacareí e Jambeiro, cortada pela rodovia dos Tamoios, tem a segunda maior incidência de raios de toda a região Sudeste do país - 15 raios por quilômetro quadrado por ano. O Vale é uma região com grande incidência de raios também em razão da sua localização e geografia, informou o Dr. Osmar Pinto Júnior, coordenador do ELAT.

Fique ligado:

- Evite lugares descampados (praias, campos de futebol, etc.). Os raios normalmente "procuram" pontos mais altos.

- Não use o telefone, exceto em caso de emergências;

- Não use eletrodomésticos como ferros de passar roupas, tostadeiras ou batedeiras, porque o raio pode seguir o fio. Fique longe da TV.

Curiosidades:

- Qual a diferença entre relâmpagos e raios?
Relâmpagos são as descargas elétricas geradas por nuvens de tempestades. Já os raios são aquelas descargas que, saindo da nuvem, atingem o solo.

- A chance de uma pessoa ser atingida por um raio gira em torno de uma para um milhão.

Para saber mais clique aqui:

(http://www.defesacivil.sp.gov.br/raios.htm)

Foto: INPE/ ELAT


Equipe

Reportagem: Bruna Torres e Douglas Yoshida
Produção: Elizânio Silva
Editor: Anderson Sobrinho
Coordenadora: Eliana Fernandes

terça-feira, 20 de maio de 2008

Brasil adere ao uso de plataformas multimissão.



Nasce uma nova tendência tecnológica mundial. Uma estrutura com versatilidade que permite a montagem dos mais diferentes equipamentos a partir de uma única base, independente do tipo de órbita ou de apontamento.
Também chamada de PMM, as plataformas multimissão têm melhor desempenho e são capazes de um acompanhamento imediato de fenômenos naturais de grande impacto, como incêndios ou terremotos.

Segundo o engenheiro do Inpe, Mário Quintino, “Pelo menos quatro novos satélites brasileiros deverão utilizar a tecnologia”. A nova estrutura possui uma separação física entre os módulos de plataforma e carga útil, possibilitando desenvolvimento, construção e testes individuais antes da integração e teste final.
Com isso o projeto sai mais barato, e com módulos independentes, a reconstrução ou novos projetos de satélites fica mais rápida.

As PMM têm baixo custo de fabricação e já estão sendo produzidas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Dedicado à monitoração dos desmatamentos nas florestas, o Amazônia1 será o primeiro satélite brasileiro baseado no uso da plataforma multimissão. De acordo com o INPE, estima-se que a primeira delas seja finalizada em 2009.



Reportagem: Raquel Cunha
Produção: Michele Pinheiro
Edição: Natália Yoshida
Coordenação: Elaine Rodrigues
Foto: Ana Maria/Inpe

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Tontura passageira

Abalo, sismo, tremor de terra, terremoto. Estes são alguns dos nomes encontrados para classificar a “sacudida” que o Brasil enfrentou em 22 de abril.

Considerado o maior terremoto do país, em dez anos, este, alcançou 5,2 graus na escala Richter que vai de 2,0 a 12,0. O epicentro foi localizado no Oceano Atlântico a 215 quilômetros do litoral paulista, atingindo os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
De acordo com o Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), o tremor durou três segundos e ocorreu por volta das 21h.

Pesquisas da universidade apontam que o último fenômeno nesta dimensão, ocorreu em 1955, no município de Porto dos Gaúchos, em Mato Grosso.

O sismo também foi sentido no Vale do Paraíba(SP) e no litoral norte de São Paulo. Em São José dos Campos, a 91 km da capital paulista, o Corpo de Bombeiros registrou em menos de meia hora 70 chamados. Ninguém se feriu.

FALANDO COM QUEM ENTENDE: Segundo o jornalista, pós-graduado em Jornalismo Científico, Júlio Ottoboni, temos uma falha vizinha no Oceano Atlântico, datada da época das separações dos continentes e a falha do Pacífico Sul, que formou a Cordilheira dos Andes. Mesmo assim temos falhas tectônicas*, dentro do território, que podem causar abalos, como as existentes no Nordeste, no Sul e Sudeste. “Quando essas porções se movimentam, temos o epicentro em solo brasileiro, mas é raro. O que sentimos mais são as ondas de propagação dos tremores destas duas grandes falhas geológicas”, explica.

No Brasil não há registro de tremores de longa duração, como na Califórnia, Japão e boa parte da Europa e dos Países Andinos e em regiões da Ásia, como a Indonésia. “A freqüência dos tremores é que fragiliza as estruturas. Mas estamos longe de ter um terremoto de grandes proporções. Há registros geológicos de vários movimentos da crosta terrestre, mas isto há milhares de anos. Inclusive a formação do Vale do Paraíba(SP) é fruto de um possível grande terremoto”, conta Ottoboni.

Legenda:
* Hein?!?! Tectônicas - Parte da Geologia que estuda as alterações da estrutura da crosta terrestre por ação de forças internas da Terra.

Equipe:
Reportagem: Caroline Alves e Monaliza Theodes
Produção: Jéssica Wiik
Edição: Letícia Baolli
Coordenação: Andréa Curvello

PEQUENAS? SÓ PARA QUEM VÊ


Astrônomos descobrem estrela com massa 90 vezes maior que a do Sol


O Sol é uma estrela, certo? Seu tamanho e seu brilho ofuscam qualquer outra existente no céu? Se você acha que sim, a resposta está errada, sabe por quê?
Na verdade aqueles pequenos pontinhos que iluminam nossas noites são muito maiores do que imaginamos.
Recentemente uma equipe de astrônomos da cidade de São José dos Campos (SP), descobriu uma estrela, ainda em processo de formação, que possui 90 vezes mais massa que o Sol e ainda brilha 300 mil vezes mais do que ele.
A descoberta desta estrela de “alta massa”, como são chamadas estas gigantes da constelação, foi feita por uma equipe de astrônomos, liderada por Cássio Leandro Barbosa, um brasileiro que possui doutorado em Astronomia e atualmente faz parte do corpo docente da UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba).
De acordo com o pesquisador este foi um importante passo para que o Brasil seja reconhecido como um país de ponta em ciência. “Temos um investimento relativamente baixo, quando comparado aos lideres mundiais em pesquisa, mas mesmo assim nossos resultados impressionam pela qualidade”, destaca Barbosa.
Para realizar esta façanha, os estudiosos utilizaram um telescópio de nada mais, nada menos, que oito metros de diâmetro, que fica em um observatório, no Havaí. Ele foi construído no alto de um vulcão adormecido, com 4.200 metros de altura. “Isso faz deste local o melhor do mundo para observações astronômicas”, explica Barbosa.
Estima-se que a estrela W51d, como foi batizada, tenha levado cerca de 300 mil anos para atingir este estágio, sendo que seu tempo total de vida é de aproximadamente três milhões de anos.




VOCÊ SABIA:
Como são batizadas as Estrelas?
Cássio Leandro Barbosa responde:
"s critérios para nomear estrelas são definidos pela União Astronômica Internacional (IAU em inglês). Esses critérios podem seguir diversas vertentes.
Em principio, batiza-se uma estrela (ou objeto astronômico) com a inicial do nome do descobridor. No caso de estudo em larga escala, adiciona-se o numero da região. A estrela W51d indica que ela e a 4ª fonte de radio da 51ª região estudada por Westerhout. Mas também pode ser simplesmente a combinação das coordenadas do objeto no céu, associada ao instrumento que a descobriu.
Por exemplo, a fonte IRAS15445-6109 e um objeto nas coordenadas 15:44.561.09 descoberta com o satélite IRAS.
Mas existem muitas variantes, o nome de um astro pode vir de um catálogo como HD128933 que significa a estrela de numero 128933 do catálogo de Henry Draper.
As estrelas quase sempre têm mais de uma denominação e
depende muito de qual você queira usar."

Foto: Cássio Leandro Barbosa

Equipe:

Natalia Teodoro
Joyce Maíra
Sebastião André
Priscila Martins


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Você sabe qual é o papel social da ciência?

Começa nesta quinta-feira (15/05), em São Jose dos Campos - SP, um curso sobre Ciência Social. O evento terá 20 sessões e será realizado no auditório IAI do INPE, contará com palestrantes como o Dr. Roberto Araújo do Museu Parense Emilio Goeldi e o Dr. Diogenes Alves do INPE.
O tema de destaque será “A sociedade como objeto de conhecimento científico, a perspectiva interdisciplinar e o papel social da ciência”.
As palestras serão realizadas no INPE e abordarão temas como Ciências Sociais, Práticas Atuais da Pesquisa Cientifica, que terá como base pesquisas que são realizadas pelo próprio Instituto, tais como PRODES, LBA, GEOMA e ZEE.
O primeiro tema a ser abordado será “A ciência como sistema de classificação do Mundo: a noção de “Lei natural” e as implicações políticas do pensamento classificatório”.
A maior preocupação dos palestrantes é focar nas mudanças ambientais, criando novas paisagens.
A cada semana será realizada uma sessão de duas horas.
Os cursos são gratuitos, feitos para pesquisadores e alunos de pós-graduação do INPE.

Reportagem: Flávia Souza
Edição: Fabiana Esteves
Produção: Maíra Lacerda
Coordenação: Mariana Strabon Zendron

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Parque Tecnológico: Pesquisa, desenvolvimento e inovação.


Atualmente no Brasil, os Institutos de Pesquisas e as Universidades realizam estudos sobre novas tecnologias, entretanto os resultados destes estudos permanecem exclusivamente na área científica sem aplicação prática nas empresas. Neste aspecto o Parque aproxima as áreas de pesquisa da área produtiva, através da sinergia entre as Universidades, Institutos e Empresas.

Situado na rodovia Presidente Dutra, km 137,8 em Eugênio de Melo, com uma área de mais de 1 milhão de metros quadrados de terrenos e 30 mil metros quadrados de área construída. O Parque Tecnológico de São José dos Campos, reúne instituições públicas e privadas que visam transformar conhecimento em riqueza por meio do desenvolvimento de inovações tecnológicas com foco no mercado. Mais de US$ 250 milhões serão investidos no Parque Tecnológico nos próximos anos. O objetivo é desenvolver a inovação com produtos que saiam das Universidades para as empresas, aumentando a competitividade do município na área tecnológica.

No Parque Tecnológico já estão funcionando: CDTA (Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Aeronáutica), APL (Arranjo Produtivo Local) em aeronáutica, Centro de Inovação da Microsoft (MIC), APL em Tecnologia da Informação e Comunicação, Incubadora, Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), Centro de Eventos. Também existe a Fatec (Faculdade de Tecnologia), que oferece os cursos de Logística, sendo 80 vagas por semestre, e informática (40 vagas por semestre). A Fatec conta atualmente com 520 alunos.

Em outubro, a Prefeitura e a Vale (ex-vale do Rio Doce), firmaram parceria para a instalação do CDTE (Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Energia) no núcleo do Parque, irá desenvolver pesquisas no campo da energia limpa.

As áreas escolhidas para os primeiros estudos são a gaseificação do carvão térmico e da biomassa, a produção de turbinas a gás e álcool e motores de nova geração multicombustíveis, com a aplicação de novos processos tecnológicos ou com a combinação de outras tecnologias, para a autogeração de energia limpa. Para tanto em três anos serão investidos R$ 220,00 milhões de reais em três anos. O empreendimento tem a parceria da Vale do Rio Doce, BNDES e Sigma, que criaram a Vale Soluções Energia para gerenciar o CDTE.

No Centro de Inovação da Microsoft (Microsoft Innovation Center), também localizado no Parque Tecnológico, é oferecido o treinamento: Student to Business. O curso é gratuito e capacita alunos na área de Tecnologia da Informação, facilitando o acesso dos jovens ao mercado de trabalho e suprindo a demanda das empresas por profissionais de Tecnologia da Informação.
Dentro do CDTA, a Embraer realiza o Programa de Especialização em Engenharia (P.E.E), com foco na qualificação de mão-de-obra especializada. O programa atende engenheiros da empresa.
Todos os projetos desenvolvidos no Parque Tecnológico tem base científica. Pesquisa, desenvolvimento e inovação são três características principais que um projeto deve ter para ser implantado no Parque Tecnológico de São José dos Campos.

Entre as atividades promovidas em 2007 no Centro de Eventos do Parque, figuram-se o 8º Congresso Internacional Virtual Educa Brasil e a 6º Feira do Jovem Empreendedor Joseense, realizados de 18 a 22 de junho. Juntos, os dois eventos atraíram cerca de 122 mil visitantes. O grande número de eventos realizados no local mostra a receptividade com que o empreendimento foi recebido pela comunidade empresarial local.

Equipe:

Reportagem: Andréia Santos

Produção: Claudio Monteiro


Edição: Mário Vinagre


Coordenação: Pedro Barbosa




Geometra produz alta tecnologia no campus da Univap

Empresa de alta tecnologia do ramo aeronáutico foi a primeira a se instalar no Parque Tecnológico da Univap

A Geometra BTE, Bureau de Tecnologia e Engenharia Ltda., criada em São Paulo em 1998 e hoje instalada no Parque Tecnológico da Univap, está projetando e fabricando segmentos estruturais e componentes aeronáuticos em parceria com empresas do setor instaladas no Vale do Paraíba.

O impulso que fez a Geometra deslanchar originou-se de um contrato firmado com a Eviation Jets, empresa estadunidense que veio para o Brasil com a intenção de desenvolver e fabricar um jatinho executivo batizado de EV-20 Vantage.

“Ganhamos a concorrência para desenvolver o trem de pouso do Vantage, que a Eviation Jets pretendia produzir aqui na cidade. Foi isso que nos motivou a mudar para cá.”, afirma Luiz Paulo Junqueira, presidente da Geometra.

O Vantage seria todo fabricado em fibra de carbono, material “termoplástico” muito mais leve e resistente que o alumínio aeronáutico e imune à corrosão. A Geometra chegou a desenvolver também o projeto de fabricação da asa do avião nesse material, cuja produção seria feita por uma empresa do ABCD paulista. Mas, devido à falta de recursos, no começo de 2006 a Eviation Jets encerrou o projeto.

“Esse acontecimento acelerou a idéia que já tínhamos de consolidar a Geometra como uma empresa de engenharia que não apenas projetasse produtos para o segmento aeronáutico, mas também coordenasse a subcontratação da fabricação desses itens às indústrias do setor instaladas em São José dos Campos e arredores.”, diz Junqueira.

No ano passado a empresa conseguiu fechar um contrato para a produção de ferramental dos spoilers (superfícies de controle de vôo) do Boeing 737 com a Ducommun Aerostructures, do México, que fornece esse componente para a Boeing.

"Vencemos a concorrência em parceria com a Tracker, aqui de São José, que fabricou o ferramental. Entregamos o material dentro do prazo e preço contratados, consolidando nossa credibilidade como fornecedores idôneos para o setor aeronáutico, o que deverá abrir as portas para novos negócios.”, acrescenta Junqueira.

Outro contrato importante foi fechado com o Comando da Aeronáutica, para a fabricação de trens de pouso para a frota de treinadores Embraer T-27 Tucano empregados pela Força Aérea Brasileira (FAB). Esses aviões são utilizados na instrução dos cadetes da Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), e completarão em setembro 25 anos de uso. Como seus trens de pouso estão atingindo o limite da vida útil, terão que ser substituídos.

O trem de pouso original do Tucano é forjado e depois usinado, sendo caro e demorado para fabricar. Por isso, a Geometra propôs à FAB fabricá-lo a partir de blocos sólidos de alumínio aeronáutico, usinados em fresas digitais de cinco eixos, que dão a conformação final à peça. A utilização desse processo, permitiu que o trem de pouso fosse todo feito no Brasil, barateando os custos.

“Reprojetamos o conjunto, mantendo as dimensões e geometria originais, mas refazendo os cálculos estruturais devido à mudança dos materiais e processo de fabricação. Submetemos o projeto à FAB, que o aprovou e fechou o contrato conosco. As peças estão sendo produzidas em parceria com a Usitec, de Jacareí, com processos de fabricação e inspeção gerados pela Geometra. Os ensaios do equipamento estão em andamento no Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial. O controle de qualidade, montagem e entrega são feitos por nosso pessoal.”, complementa o executivo.

A Geometra quer voar mais longe e mais alto e tem outros projetos promissores no horizonte. Um deles é o de uma roda em materiais compostos, para aplicação aeronáutica, que deverá ser bem mais leve e resistente do que as atuais de metal. Segundo a empresa, se essas rodas forem aprovadas, a redução de peso em relação às de metal, num avião de transporte militar como o Lockheed C-130 Hercules, será da ordem de 60 quilos.

Outro é o de um treinador primário com motor a pistão para substituir os Neiva T-25 Universal, que estão em serviço na AFA há mais de 40 anos. O projeto, conhecido provisoriamente pela sigla TX-C (Treinador Primário Experimental em Fibra de Carbono), é baseado no protótipo K-51 desenvolvido por José Kovács, o mesmo projetista que concebeu o T-25 e também o Tucano. O novo avião será quase que totalmente fabricado em fibra de carbono e terá desempenho bastante superior ao de seu antecessor.

“Temos outros projetos aeronáuticos promissores em andamento, mas não podemos revelar detalhes porque estão ainda em fase de concepção e procura de sócios para viabilizá-los comercialmente.”, finaliza Luiz Paulo Junqueira.


Equipe:
Reportagem e Fotos: Mário Vinagre
Edição: Chico Medina e Andréia Santos
Revisão: Mário Vinagre
Produção: Cláudio Monteiro
Coordenação: Pedro Barbosa

terça-feira, 13 de maio de 2008

Células-tronco, opção de vida.

O assunto cria polêmica e divide opiniões entre cientistas e religiosos.

A igreja católica se mostra totalmente contra o método. Para a eles, a utilização de embriões humanos para pesquisas científicas e que promove a destruição desses embriões apresenta os mesmos problemas éticos do aborto. "Aprovar uma lei que fere a vida, permitindo o uso de embriões para retirar deles a célula-tronco, terá como conseqüência a destruição de uma grande quantidade de vidas em seu estágio inicial. A liberação de pesquisas com embriões humanos não muda a compreensão que a Igreja tem da dignidade da vida em todos os estágios. A vida tem valor sagrado, ela é inviolável, somos criados à imagem e semelhança de Deus", explica o Pe. Alan Rudz.

Os cientistas alegam que os religiosos deveriam se preocupar mais com as pessoas portadoras de doenças mortais.

De acordo com a médica Tatiana Andrade, as pesquisas vão ajudar principalmente pessoas portadoras de doenças genéticas e degenerativas. "As células-tronco encontradas no cordão umbilical e na medula óssea dão origem a todas as células que formam o sangue e o sistema imunológico. Por isso, são utilizados no tratamento de uma série de doenças que necessitam da regeneração desses tecidos, principalmente doenças mortais", explica a Vanessa Guarise, 23, enfermeira convidada para trabalhar no projeto Cordvida, especializado em armazenar banco de célula-tronco.

Na região de Taubaté, o Ministério Público Federal acha viável o desenvolvimento de pesquisas com células troncos, já que as mesmas são utilizadas para ajudar mulheres com dificuldade em engravidar e todo o material não-utilizado é descartado.



Equipe:
Amanda Gonzalez
Alice de Carvalho
Sérgio Hogolini
Fabiano Porto
Bruno

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Buscando um novo jeito de ensinar ciência

Professores se especializam em curso promovido pela AEB

Para auxiliar no ensino da Ciência na escola, professores da rede municipal de São José dos Campos, interior de São Paulo, estão fazendo o curso de Astronáutica e Ciências do Espaço em conjunto com a Agência Espacial Brasileira (AEB).

Com duração de um ano, o curso consiste de cinco módulos: Meteorologia e Ciência Ambiental, Veículos Espaciais, Satélites e Plataformas Espaciais, Experimentos de Astronáutica para Sala de Aula e Sensoriamento Remoto.

Mesmo com o potencial tecnológico existente na cidade, os temas podem parecer um pouco distantes da realidade dos estudantes. O objetivo do curso é aproximar mais o aluno da Ciência, por meio da formação do professor, e fazer com que eles compreendam o quanto somos influenciados por ela em nosso cotidiano.

Durante a formação dos professores são desenvolvidos métodos de ensino com atividades práticas aplicáveis em salas de aula, utilizando recursos baratos e fáceis de serem encontrados. Ainda são realizadas palestras, ministradas por importantes profissionais do cenário científico e tecnológico brasileiro.

Para Lúcia Neves, professora de Ciências da Escola Municipal de Ensino Fundamental "Profª Ildete Mendonça Barbosa", o curso é importante porque oferece muitas opções para trabalhar o conteúdo de sua disciplina com alunos de todas as faixas etárias. "As minhas aulas não são como antes, o curso me ajudou a enriquecê-las", completou Lúcia que fez parte da primeira turma do curso de Astronáutica e Ciências do Espaço, em 2006. A professora também aproveita o contato com profissionais da área para promover palestras nas escolas.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Educação, desde o início da aplicação do curso, 150 docentes de Ciência e Geografia já se formaram e neste ano será iniciada a terceira edição do curso.



Expediente: Moisés Rosa (Coordenador), Honiley Souza (Editor), Paulo Alexandre e Silvia Teles (Produção) e Tássia Gregatti (Repórter)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Alunos do Cephas conquistam prêmio no First Robotics Competition em Atlanta





Os alunos do Cephas (Centro Educacional Professor Hélio Augusto de Souza) de São José dos Campos, desembarcaram na cidade no final do mês de abril. A equipe Cephatron 1860, formada por 25 alunos, estava em Atlanta (EUA) participando do First Robotics Competition .

A competição foi criada em 1989 pelo americano Dean Kamem, com a finalidade de incentivar os estudantes para a ciência e tecnologia. É considerada uma das maiores competições de robótica do mundo.

Neste ano, 380 equipes participaram da final de Atlanta. A Cephatron 1860 foi desclassificada do concurso, devido a problemas que o robô apresentou durante o percurso da prova.

Sander Palma, coordenador do time de robótica do Cephas, explica a dificuldade enfrentada pela equipe:

" Na regional que aconteceu aqui na cidade, o nosso robô teve sua estrutura danificada, devido a uma queda durante o percurso. Pelo regulamento do concurso, após a regional o robô é imediatamente embalado e lacrado para ir para a final em Atlanta. Nós levamos todas as peças necessárias para realizar a manutenção, mas só tivemos um dia para reparar os danos. Consecutivamente tivemos problemas durante a prova "

Mesmo assim, eles retornaram ao Brasil com o prêmio "Judge Award". Nesta categoria de premiação é analisado o trabalho desenvolvido durante o ano anterior ao concurso. Apenas 4 equipes entre as 380 equipes que participaram do campeonato ganharam esse prêmio.

Os alunos além de participar em apresentações de robótica para as crianças da Fundhas, também realizaram o plantio de árvores e organizaram a etapa regional que aconteceu na cidade.

Segundo o aluno Willian de Souza esta foi uma experiência muito importante para a sua vida.

" Foi único, muito valioso, eu nunca esperava ter ido para Atlanta. Foi meu primeiro ano e eu trabalhei muito para desenvolver o projeto. Acabamos superando os nossos próprios limites. Com certeza aprendemos muito e foi uma experiência muito boa. Além de participar do concurso tivemos a oportunidade de conhecer cidades, ir aos museus e parques de diversões " complementa Willian com exclusividade para o nosso Blog.

O trabalho desenvolvido com os alunos do Cephas os aproxima da tecnologia, contribuindo para o aumento de pesquisas relacionadas com robótica no Brasil.

Esta foi a segunda vez que o Cephas participou da final em Atlanta nos Estados Unidos, em 2007 entre 82 equipes eles garantiram o 18º lugar na competição.

Para a equipe o trabalho continua. Sander Palma afirma que será criado grupos de estudos, e nova seleção para alunos novatos terem a oportunidade de ingressar no projeto.

A Cephatron 1860 foi patrocinada pela Johnson e Johnson.

Também participaram do campeonato alunos da Escola Estadual Wladenar Salgado, de Santa Branca, e outras duas equipes do Rio Grande do Sul.
Foto: Time campeão do CEPHAS
Reportagem: Anderson Sobrinho
Produção: Bruna Torres
Produção: Douglas Yoshida
Editor: Elizânio Silva
Cordenador: Eliana Fernandes

terça-feira, 6 de maio de 2008

São José agora terá câmeras que falam

Quem gosta de jogar papel no chão ou dirigir sem cinto de segurança deve tomar cuidado: as câmeras falantes podem repreender você. Pelo menos é o que prevê o novo sistema de vigilância pública de São José dos Campos.

Até o momento, cinco pontos da cidade já possuem a tecnologia instalada: trata-se de caixas amplificadas com sensibilidade de no mínimo 100 decibéis a um metro, ou seja, que pode ser ouvido claramente mesmo de dentro do carro. O objetivo é estimular ações de cidadania.


Além disso, 70 supercâmeras de segurança serão instaladas por toda a cidade, o que facilitará o acionamento de um resgate ou a prevenção a assaltos em locais mais afastados. Assim, mais pontos da cidade estarão sob a vigilância do COI (Centro de Operações Integradas), que desde 2000 viu a taxa de criminalidade na região central diminuir 40%. Com a ampliação do projeto, a estimativa é que essa taxa caia para 60%, dessa vez com maior foco nos bairros residenciais.

A atual transmissão de imagens é feita por meio de fibras óticas. Com a troca do sistema para digital, o mesmo cabo que transmite a imagem de uma câmera poderá transmitir a de 24, devido à tecnologia que utiliza um IP (Internet Protocol), como um site, por exemplo. Cada site tem um IP, ou um endereço; organizando dessa maneira, a transmissão fica mais rápida. ”Há também um projeto em estudo para viabilizar imagens em tempo real no site da prefeitura, para que o munícipe possa verificar o tráfego de São José, por exemplo”, explica o gerente do programa de tecnologias, Jéferson Donizetti de Lima.
Segundo a Secretaria de Defesa do Cidadão, as câmeras serão instaladas a partir de agosto. Prevê-se ainda a criação de um Centro de Controle de Tráfego para São José. As câmeras não só farão a vigilância pública como também poderão servir para flagrar irregularidades no trânsito.
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Equipe:
Reportagem: Natália Yoshida
Produção: Raquel Cunha
Edição: Michele Pinheiro
Coordenação: Elaine Rodrigues
Fotos: Raquel Cunha

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Monomotor ganha novo suporte operacional


Visando aumentar a eficácia de uso dos seus aviões, a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica, situada na cidade de São José dos Campos/SP, criou um sistema de suporte para o treinamento e operação do Super Tucano.

O Super Tucano é uma aeronave leve, potente, com custo baixo de operação e manutenção. Com essas características a aeronave de treinamento 100% brasileira, pode ser considerada uma das mais bem-sucedidas do mundo.

O sistema desenvolvido, é conhecido como TOSS (Training and Operation Support System) e é composto por outros quatro microssistemas, sendo o CBT (Computer Based Training) - sistema de treinamento computadorizado, o FS (Flight Simulator) – simulador de vôo, o MPS (Mission Planning Stations) – estação de planejamento de missão e o MDS (Mission Debriefing Station) – estação de debriefing de missão.

Com esta nova ferramenta todos ganham: os pilotos terão o tempo e a carga de trabalho diminuídos, e os compradores, custo e qualidade.

A empresa instalou as estações, treinou pilotos e mantém apoio permanente. “Nossos clientes estão treinando não só os alunos, mas também pilotos experientes, o que é muito interessante”, relata Willian Moreira, Técnico de Suporte Operacional e Treinamento.

O conjunto de sistemas que compõe o TOSS, foi desenvolvido no período de 1 ano e meio e contou com a participação dos profissionais de vôo, engenheiros, instrutores e mecânicos aeronáuticos.

Foto:
www.airwar.ru/image/idop/other/emb314/emb314-2.jpg


Equipe:
Reportagem: Caroline Alves e Monaliza Theodes
Produção:
Jéssica Wiik
Edição: Letícia Baolli
Coordenação: Andréa Curvello

domingo, 4 de maio de 2008

Meteorologia avisa: cobertores e cachecóis para o Inverno 2008

Depois de um verão e outono pouco convencionais, inverno deste no ano deve ser de dias nublados e frios


Muitas coisas mudaram: comportamentos, interesses, costumes. De uns tempos para cá, até o tempo mudou!

Diversos fenômenos têm modificado algumas características climáticas típicas de cada estação. No verão deste ano, por muitas vezes, os casacos tiveram que sair do armário. No outono, os guarda-chuvas foram acessórios indispensáveis e tempestades chegaram a causar transtornos em cidades do Vale do Paraíba (SP).

O inverno de 2008 começa às 20h59 do próximo dia 20 de junho. E pode ser difícil de acreditar, mas a meteorologia espera dias frios.

Segundo a meteorologista da Somar, Desirée Brandt, a estação mais fria do ano deve sofrer influência do fenômeno La Niña. “A La Niña é o resfriamento incomum das águas do oceano Pacífico, na altura da costa entre o Peru e o Equador”, explica Desirée.

O desvio das frentes frias para o oceano é uma das principais características deste efeito e com isso deve chover menos na região.

Além disso, ventos úmidos que sopram do mar, chamados de circulação marítima, devem deixar o inverno no Vale do Paraíba(SP) com garoa e tempo frio. “As temperaturas máximas, que são aquelas registradas à tarde, ficarão mais baixas, justamente devido ao tempo encoberto. E por causa da grande umidade e da maior ocorrência de ventos, a
sensação de frio por vezes aumenta.”, completa Desirée, explicando um fenômeno conhecido como sensação térmica.

O inverno vai até o dia 22 de setembro, quando começa a primavera.


Equipe
Repórter: Natalia Teodoro
Produção: Joyce Maíra
Edição: Sebastião André
Coordenação: Priscila Martins


Foto
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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Cair, Levantar, Pesquisar...

Ele anda como uma criança. É feito de alumínio, acrílico, e pesa 300 gramas. A imitação das pernas humana flexionadas e esticadas ainda é desengonçada e, de acordo com seus criadores, “a maior dificuldade foi a parte mecânica, buscar o equilíbrio”. O robô bípede foi desenvolvido pelos alunos João Valdecir Bento e Leandro Camargo do último ano de Engenharia Elétrica da Univap – Universidade do Vale do Paraíba, em São José dos Campos - SP.

Segundo o coordenador do curso, professor Doutor Luis Felipe Wiltgen Barbosa os alunos constroem o robô em uma disciplina e fazem o robô como um todo “desde seu design à construção de peças e a programação” complementa.

A montagem da máquina durou cerca de quatro meses, desde sua criação até completamente pronto, “Quando é uma máquina mais sofisticada necessita de oito a dez meses de construção”, acrescentou Wiltgen. E seu custo pode variar entre R$ 800,00 e R$ 1.500,00.

A cada semestre os alunos são desafiados a fazer uma criação ou implementarem melhorias nos projetos. Com tanta criatividade e talento fica a curiosidade de saber o que vem por aí. Você tem alguma opinião? Coloque nos comentários logo abaixo...


Reportagem : Mariana Strabon Zendron
Produção : Maíra Lacerda
Coordenação : Flávia Souza
Edição : Fabiana Esteves

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Combustíveis Alternativos para Aviação

Poluição atmosférica, efeito estufa, mudanças climáticas etc. são temas recorrentes no nosso dia-a-dia. Porém, pouco se fala sobre a contribuição da aviação de transporte para agravar o problema, e menos ainda sobre as pesquisas em andamento visando produzir combustíveis aeronáuticos que sejam ambientalmente amigáveis. É o que tentamos fazer, resumidamente, aqui.




O preço do petróleo, principal fonte de energia utilizada no planeta, vem subindo gradativamente desde a guerra árabe-israelense do Yom Kippur (1973), a revolução do Irã (1979) e as guerras do Golfo (1990) e do Iraque (2003), graças à ação coordenada da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que estabelece o valor pelo qual o produto é comercializado no mercado mundial.


De um preço histórico que girava em torno dos US$2,00 em 1973, o barril de 159 litros de petróleo ultrapassou, no final de abril deste ano, a barreira dos US$119,00 nas bolsas de commodities da Europa e dos Estados Unidos.


Pressionados pela alta dos preços do petróleo e por relatórios da comunidade científica que apontam o dióxido de carbono (CO2) como o principal causador do efeito estufa e das mudanças climáticas que vêm acontecendo no planeta – estima-se que entre 2% a 3% das emissões de CO2 são geradas pelos motores dos aviões empregados na aviação comercial, que usam como combustível o querosene de aviação derivado do petróleo –, vários países têm em andamento estudos visando desenvolver combustíveis alternativos para uso aeronáutico, que deverão ser empregados nos novos modelos de aviões previstos para entrar no mercado daqui a 15 ou 20 anos.


Independentemente dessas constatações, é fato irrefutável que os fabricantes de motores vêm produzindo propulsores cada vez mais eficientes devido ao uso de novos materiais e novas tecnologias em seus produtos. A introdução de computadores de bordo e programas de controle da motorização, a partir da década de 1980, sem dúvida teve um impacto positivo nessa direção.
Hoje em dia, não existe avião de transporte novo que não seja dotado de FADEC (Full Authority Digital Engine Control), um sistema de controle digital que otimiza o regime de operação dos motores em função das variações de temperatura e pressão atmosféricas. Esse sistema permite uma combustão mais completa e limpa, redução dos gastos com combustível e manutenção, além de decréscimo no volume de poluentes lançados na atmosfera.
Usufruindo das ferramentas sofisticadas disponíveis no mercado – tais como programas computacionais de última geração para projeto, engenharia e manufatura (CAD/CAE/CAM), simulações e ensaios diversos –, e de materiais cada vez mais leves e resistentes – tais como o alumínio-lítio, compostos “plásticos” de fibras de vidro e de carbono –, os fabricantes de aeronaves têm conseguido desenvolver e colocar no mercado produtos cada vez mais avançados e eficientes


O setor aeroespacial é extremamente criativo e o que mais gera tecnologia de ponta no mundo. Essa é a base sólida da qual emergirão, dentro em breve, as soluções para os problemas ambientais causados pela aviação comercial.
Como indústria que transporta mais de 1,6 bilhões de passageiros anualmente e movimenta 40% de todas as riquezas que circulam no mundo, a aviação comercial conta com essas soluções para poder continuar a crescer em harmonia com a natureza.


Combustíveis Alternativos


Energia nuclear – É produzida através da fissão dos átomos de urânio enriquecido dentro de um reator, gerando energia que pode ser utilizada para eletricidade, propulsão, aquecimento, fabricação de armamentos e outras aplicações.


O domínio dessa tecnologia pelos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial levou o país, em 1951, a iniciar um projeto de propulsão nuclear para aeronaves denominado ANP (Aircraft Nuclear Propulsion). Construiu-se, então, um reator nuclear experimental que depois foi instalado num bombardeiro estratégico Convair Peacemaker, redesignado NB-36H. Mas, a complexidade do reator e seu grande peso, além do perigo de contaminação nuclear em caso de acidente, levaram ao cancelamento do programa.


Vários países no mundo, inclusive o Brasil, possuem usinas nucleares para produção de energia elétrica. Todavia, não é uma tecnologia limpa, pois gera resíduos que têm que ser estocados de forma adequada, durante séculos, para não contaminar o meio ambiente. O risco de acidentes também é alto, haja vista os ocorridos em Three Mile Island, nos Estados Unidos, em março de 1979, e em Chernobyl, na União Soviética, em abril de 1986, que por pouco não geraram catástrofes de conseqüências mundiais.

Álcool etílico hidratado (etanol) – É produzido através do processo de fermentação da cana de açúcar, tecnologia que o Brasil domina há anos. Seu emprego automotivo foi desenvolvido pelo professor Urbano Ernesto Stumpf, a partir da década de 1950, no CTA (Centro Técnico de Aeronáutica), hoje Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial.


O professor foi um dos responsáveis por assessorar o governo brasileiro na criação de um programa específico de produção de álcool para uso automotivo, o Pró-álcool (Programa Nacional do Álcool), lançado em novembro de 1975. O programa visava substituir a gasolina por esse combustível, para reduzir a dependência do país do petróleo importado.


O emprego do álcool etílico hidratado como combustível de aviação foi também pioneirizado pelo CTA, que em 1980 adaptou o sistema de combustível e o motor de um treinador a pistão Neiva T-25 Universal para queimar álcool. Os esforços nesse sentido, no entanto, foram encerrados em 1989.


O programa foi retomado em 2003 pela Embraer, que hoje tem um avião agrícola homologado para usar álcool hidratado como combustível.


Hidrogênio – Testado com sucesso desde o final da década de 1950, o hidrogênio é facilmente encontrado na natureza e pode ser produzido com relativa facilidade por um processo conhecido como eletrólise: faz-se passar uma corrente elétrica na água (H2O) e ela então se decompõe em seus elementos básicos – hidrogênio e oxigênio.
O hidrogênio tem a vantagem de não poluir o meio ambiente e ser renovável. Quando queimado ele se combina com o oxigênio atmosférico, produzindo novamente água (sob a forma de vapor). Se a eletricidade usada para produzi-lo vier de outras fontes alternativas – geradores eólicos ou marítimos, por exemplo – o processo todo terá a vantagem adicional de ser, também, ambientalmente amigável.


Outra vantagem é que o hidrogênio tem três vezes mais energia por quilograma do que o querosene de aviação. Portanto, uma aeronave propelida por hidrogênio irá requerer um terço a menos em peso de combustível para cobrir uma determinada distância do que se utilizasse querosene, o que deverá reduzir o custo das viagens.


O hidrogênio é também mais seguro para emprego aeronáutico do que os combustíveis fósseis atualmente utilizados na aviação comercial. Ele não explode e, por ser mais leve que o ar, ao se incendiar suas labaredas apontam para o alto. Além disso, sua combustão é rápida, gera pouco calor e não é tóxica. Já o querosene de aviação, explode, espalha-se por uma ampla área ao redor do acidente, irradia bastante calor e emite subprodutos tóxicos.


Entretanto, o hidrogênio é menos denso do que o querosene de aviação e para estocá-lo os tanques de combustível terão que ser pelo menos quatro vezes maiores em volume do que os atualmente utilizados nos aviões. Emprega-se a técnica da criogenia, que utiliza alta pressão e baixíssimas temperaturas – da ordem de –250ºC –, para armazenar o hidrogênio (ou outros gases liquefeitos) em tanques redondos ou cilíndricos, feitos geralmente de aço inoxidável soldado, ou fibra de carbono, que é mais resistente que metal.


Combustíveis obtidos através do processo Fischer-Tropsch – A produção de combustíveis oriundos de fontes alternativas começou na Alemanha nos anos 1920 do século passado, usando um processo inventado pelos pesquisadores Franz Fischer e Hans Tropsch, do Instituto Kaiser Guilherme, que passou a ser conhecido como processo FT (Fischer-Tropsch).


Ricos em carvão mineral (hulha), do qual possuem grandes reservas no Vale do Ruhr ainda hoje, os alemães produziram combustível sintético (gasolina e óleo diesel) a partir dessa matéria prima antes e durante a 2ª Guerra Mundial. Ao fim do conflito, possuíam 25 refinarias de combustível sintético, cuja produção, em 1944, foi de 6,5 milhões de toneladas. O término da guerra e os baixos preços do petróleo fizeram com que a produção desses combustíveis fosse abandonada.
Melhorado ao longo dos anos, o processo Fischer-Tropsch usa uma reação química com catalisadores de base de ferro ou cobalto para converter o monóxido de carbono e o hidrogênio em hidrocarbonetos líquidos de tipos variados.


Há várias pesquisas em andamento para a produção de combustíveis à base de gás natural, biomassa (algas marítimas, por exemplo), óleos vegetais (de mamona, babaçu, soja etc.), gordura animal (bovina, suína etc.) que utilizam esse processo.


Experiências Pioneiras com Combustíveis Alternativos


Convair NB-36H Peacemaker – O domínio da tecnologia nuclear pelos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial levou o país, em 1951, a iniciar um projeto de propulsão nuclear para aeronaves denominado ANP (Aircraft Nuclear Propulsion). A idéia original era dotar o bombardeiro estratégico Convair B-36, então o principal vetor de ataque contra a União Soviética, de um reator desse tipo para aumentar seu alcance e o tempo que poderia permanecer no ar.


Um desses aviões, o número de série 51-5712, que havia sido danificado no solo durante um furacão, foi recuperado e teve um reator de 1 megawatt, refrigerado a ar, instalado no compartimento de bombas. Com essa modificação, foi redesignado NB-36H. Entre 1955 e 1957, o NB-36H chegou a realizar 47 vôos, nos quais acumulou 215 horas de operação. O reator nuclear operou em todos esses vôos, mas foi utilizado apenas para analisar os efeitos da radiação nos instrumentos de bordo e na tripulação, e não como fonte energética para propulsar o avião. A complexidade do reator e seu grande peso (somente a blindagem de chumbo anti-radiação pesava quatro toneladas), aliados ao perigo de contaminação nuclear caso houvesse um acidente, fizeram com que a força aérea dos Estados Unidos (USAF-United States Air Force) abandonasse o projeto.


Martin B-57 Canberra – Entre 1956 e 1959, a NACA (National Advisory Commitee for Aeronautics), em conjunto com a USAF, testou um bombardeiro Martin B-57 Canberra com um dos dois motores a jato Curtiss Wright J-65 alimentado por hidrogênio líquido, que era armazenado num dos tanques de ponta de asa do avião. Por medida de segurança, o outro motor funcionava com querosene de aviação normal. Embora os resultados dos ensaios tenham sido animadores, o baixo preço do petróleo, na época, determinou o cancelamento do programa.


Tupolev Tu-155 – O primeiro avião de transporte a usar hidrogênio líquido como combustível alternativo foi o Tu-155, uma versão do Tupolev Tu-154, trirreator de médio alcance desenvolvido e produzido na antiga União Soviética, na década de 1960.


O modelo utilizado nessa experiência foi emprestado da companhia aérea estatal Aeroflot. A aeronave teve a parte interna traseira da fuselagem modificada para acomodar um grande tanque destinado a armazenar o hidrogênio. Esse tanque tinha capacidade para uma tonelada de hidrogênio, que era suficiente para cerca de três horas e meia de vôo.


Um dos seus motores Kuznetsov NK-8 (o número 3, do lado direito), teve seus sistemas de ignição e de combustão especialmente modificados para operar com combustíveis criogênicos, recebendo, então, a nova designação NK-88.O primeiro vôo do Tu-155 propulsado por hidrogênio líquido ocorreu em 15 de abril de 1988. Vários outros vôos foram realizados durante a campanha de testes e o aparelho chegou mesmo a ser exibido em feiras internacionais de aviação, como Le Bourget, na França e Hannover, na Alemanha.


Apesar do sucesso da experiência, que previa também o uso de hélio ou gás natural como combustíveis alternativos, o programa foi descontinuado depois do esfacelamento da União Soviética, deflagrado em novembro de 1989 pela queda do Muro de Berlim.


Experiências Atuais com Combustíveis Alternativos


Boeing B-52H – O Departamento de Defesa dos Estados Unidos tem um programa em andamento, denominado Assured Fuel Initiative, destinado a substituir os combustíveis baseados em petróleo importado por combustíveis produzidos localmente pelo processo Fischer-Tropsch (FT). O programa visa reduzir a dependência das forças armadas americanas de fontes externas de suprimento e assegurar-lhes todo o combustível de que necessitem em caso de conflitos.


A USAF, que é a maior consumidora de combustíveis baseados em petróleo entre as forças armadas americanas, foi pioneira nesses estudos, conduzidos em conjunto com a Syntroleum Corporation, empresa líder no desenvolvimento e produção de combustíveis FT nos Estados Unidos.


Em setembro de 2006, a USAF voou pela primeira vez um bombardeiro estratégico Boeing B-52H com uma mistura de 50% de querosene JP-8 e 50% de biocombustível da Syntroleum. Por medida de segurança, nesse primeiro vôo apenas dois dos oito motores turbofan do B-52 operaram usando a mistura.


Em 15 de dezembro do mesmo ano, porém, o B-52H decolou da Base Aérea de Edwards (Califórnia), onde fica o centro de ensaios em vôo da USAF, para um bem-sucedido vôo de sete horas, no qual utilizou somente essa mistura de combustível.
A campanha de ensaios com o B-52 prosseguiu até agosto de 2007, quando o Departamento de Defesa aprovou o uso de combustível FT para esses aviões. Baseado nesses ensaios, a USAF está qualificando agora o transporte C-17 Globemaster III e o bombardeiro de geometria variável Rockwell B-1B para usar o mesmo biocombustível. A previsão é utilizá-lo em toda a frota de aviões da USAF até 2011, o que permitirá reduzir pela metade a demanda por combustíveis derivados de petróleo até 2016, com conseqüente redução, também, dos custos operacionais da força.
Os biocombustíveis produzidos pela Syntroleum Corporation, e outras empresas do ramo que usam o processo FT, têm também aplicação na aviação comercial.


Airbus A380 – Um dos protótipos do Airbus A380 tornou-se em 1º de fevereiro deste ano o primeiro avião comercial do mundo a voar com gás natural liquefeito fornecido pela Shell International Petroleum.


Apenas um dos quatro motores Rolls-Royce Trent do gigante alado, que é o maior avião de transporte comercial da atualidade, operou o combustível durante o vôo de 900 km e três horas de duração entre Filton, na Inglaterra, e Toulouse, na França.
A iniciativa faz parte de um programa que investiga combustíveis alternativos ambientalmente corretos para uso na aviação comercial. O programa foi estabelecido através de um acordo assinado em novembro de 2007 do qual fazem parte também a Qatar Airways, Qatar Petroleum, Qatar Fuel e Qatar Science & Technology Park.
O Qatar é rico em gás natural e a empresa aérea do país, a Qatar Airways, uma das clientes da Airbus para o A380, pretende ser a primeira companhia do mundo a operar rotineiramente com esse combustível.
Com essa finalidade, a Shell e o governo do Qatar vão investir US$5 bilhões de dólares para construir a maior refinaria de gás natural liquefeito do planeta. A refinaria será instalada na região norte do país, próximo às reservas de gás, e começará a produzir em 2010.


Boeing 747-400 – Cerca de três semanas depois da Airbus, em 24 de fevereiro de 2008, um quadrirreator Boeing 747-400 da empresa aérea britânica Virgin Atlantic, realizou com pleno êxito um vôo com biocombustível (uma mistura de 20% de óleos de babaçu e coco e 80% de querosene Jet A).


O vôo, entre os aeroportos de Heathrow, em Londres, e Amsterdã, na Holanda, não transportou passageiros e, por uma questão de segurança, apenas um dos motores do Jumbo utilizou o biocombustível, que está ainda em fase de ensaios.


O programa, que está centrado na Virgin Atlantic, continua em andamento com o apoio da Boeing, fabricante do avião, e da General Electric, que produz os motores que o propulsam.
Único Avião Movido a Biocombustível no Mundo é Brasileiro
Neiva T-25 Universal – O programa de uso de álcool etílico hidratado para fins aeronáuticos surgiu no CTA em 1980, quando um treinador militar T-25 Universal foi convertido para utilizar esse combustível. Irreverentemente batizado de “O Ébrio”, o aparelho voou pela primeira vez em dezembro de 1985.


Pretendia-se, na ocasião, converter a frota de T-25 da Força Aérea Brasileira (FAB) para álcool, o que permitiria reduzir os gastos da força com combustível. Por razões desconhecidas, o programa foi descontinuado em 1989.


O interesse pelo projeto, todavia, ressurgiu em 2003, quando a Embraer decidiu financiar o seu desenvolvimento. A meta era utilizar álcool no avião agrícola Ipanema, fabricado na unidade da empresa em Botucatu, interior de São Paulo.


O motor empregado no Ipanema, um Lycoming de procedência americana com seis cilindros opostos e 300 HP, foi modificado para queimar álcool etílico a 96% (as modificações afetaram principalmente o bico injetor, os tanques e o sistema de combustível).


Em outubro de 2004, depois de 150 horas de ensaios em bancada no solo e em vôo, o Ipanema a álcool foi homologado pelo CTA. O investimento para adaptar o modelo ao novo combustível custou à Embraer US$300 mil.Além de fabricar e vender aviões novos a álcool, a Neiva também converte os antigos Ipanemas a gasolina para o novo combustível. 85% da frota brasileira de aviões agrícolas (cerca de 1100 aeronaves) é de aviões Ipanema.


O EMB-202 Ipanema é o primeiro avião de produção em série, no mundo, a usar combustível “verde” e renovável. Pelo seu desenvolvimento a Embraer ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre os quais se destaca o Flight International Aerospace Industry Award, na categoria General Aviation (Aviação Geral), outorgado por essa conceituada revista inglesa em junho de 2005.
Equipe:

Reportagem e Revisão: Mário Vinagre
Edição: Francisco Medina e Andréia Santos
Produção: Cáudio Monteiro
Coordenação: Pedro Barbosa




Foto Neiva T-25: Mário Vinagre
Foto A380: http://www.airliner.net/
Foto 747-400: http://www.airliner.net/
Outras fotos: Google Images