quarta-feira, 4 de junho de 2008

Geometra produz alta tecnologia no campus da Univap

Empresa de alta tecnologia do ramo aeronáutico foi a primeira a se instalar no Parque Tecnológico da Univap

A Geometra BTE, Bureau de Tecnologia e Engenharia Ltda., criada em São Paulo em 1998 e hoje instalada no Parque Tecnológico da Univap, está projetando e fabricando segmentos estruturais e componentes aeronáuticos em parceria com empresas do setor instaladas no Vale do Paraíba.

O impulso que fez a Geometra deslanchar originou-se de um contrato firmado com a Eviation Jets, empresa estadunidense que veio para o Brasil com a intenção de desenvolver e fabricar um jatinho executivo batizado de EV-20 Vantage.

“Ganhamos a concorrência para desenvolver o trem de pouso do Vantage, que a Eviation Jets pretendia produzir aqui na cidade. Foi isso que nos motivou a mudar para cá.”, afirma Luiz Paulo Junqueira, presidente da Geometra.

O Vantage seria todo fabricado em fibra de carbono, material “termoplástico” muito mais leve e resistente que o alumínio aeronáutico e imune à corrosão. A Geometra chegou a desenvolver também o projeto de fabricação da asa do avião nesse material, cuja produção seria feita por uma empresa do ABCD paulista. Mas, devido à falta de recursos, no começo de 2006 a Eviation Jets encerrou o projeto.

“Esse acontecimento acelerou a idéia que já tínhamos de consolidar a Geometra como uma empresa de engenharia que não apenas projetasse produtos para o segmento aeronáutico, mas também coordenasse a subcontratação da fabricação desses itens às indústrias do setor instaladas em São José dos Campos e arredores.”, diz Junqueira.

No ano passado a empresa conseguiu fechar um contrato para a produção de ferramental dos spoilers (superfícies de controle de vôo) do Boeing 737 com a Ducommun Aerostructures, do México, que fornece esse componente para a Boeing.

"Vencemos a concorrência em parceria com a Tracker, aqui de São José, que fabricou o ferramental. Entregamos o material dentro do prazo e preço contratados, consolidando nossa credibilidade como fornecedores idôneos para o setor aeronáutico, o que deverá abrir as portas para novos negócios.”, acrescenta Junqueira.

Outro contrato importante foi fechado com o Comando da Aeronáutica, para a fabricação de trens de pouso para a frota de treinadores Embraer T-27 Tucano empregados pela Força Aérea Brasileira (FAB). Esses aviões são utilizados na instrução dos cadetes da Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), e completarão em setembro 25 anos de uso. Como seus trens de pouso estão atingindo o limite da vida útil, terão que ser substituídos.

O trem de pouso original do Tucano é forjado e depois usinado, sendo caro e demorado para fabricar. Por isso, a Geometra propôs à FAB fabricá-lo a partir de blocos sólidos de alumínio aeronáutico, usinados em fresas digitais de cinco eixos, que dão a conformação final à peça. A utilização desse processo, permitiu que o trem de pouso fosse todo feito no Brasil, barateando os custos.

“Reprojetamos o conjunto, mantendo as dimensões e geometria originais, mas refazendo os cálculos estruturais devido à mudança dos materiais e processo de fabricação. Submetemos o projeto à FAB, que o aprovou e fechou o contrato conosco. As peças estão sendo produzidas em parceria com a Usitec, de Jacareí, com processos de fabricação e inspeção gerados pela Geometra. Os ensaios do equipamento estão em andamento no Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial. O controle de qualidade, montagem e entrega são feitos por nosso pessoal.”, complementa o executivo.

A Geometra quer voar mais longe e mais alto e tem outros projetos promissores no horizonte. Um deles é o de uma roda em materiais compostos, para aplicação aeronáutica, que deverá ser bem mais leve e resistente do que as atuais de metal. Segundo a empresa, se essas rodas forem aprovadas, a redução de peso em relação às de metal, num avião de transporte militar como o Lockheed C-130 Hercules, será da ordem de 60 quilos.

Outro é o de um treinador primário com motor a pistão para substituir os Neiva T-25 Universal, que estão em serviço na AFA há mais de 40 anos. O projeto, conhecido provisoriamente pela sigla TX-C (Treinador Primário Experimental em Fibra de Carbono), é baseado no protótipo K-51 desenvolvido por José Kovács, o mesmo projetista que concebeu o T-25 e também o Tucano. O novo avião será quase que totalmente fabricado em fibra de carbono e terá desempenho bastante superior ao de seu antecessor.

“Temos outros projetos aeronáuticos promissores em andamento, mas não podemos revelar detalhes porque estão ainda em fase de concepção e procura de sócios para viabilizá-los comercialmente.”, finaliza Luiz Paulo Junqueira.

Equipe:

Reportagem e Fotos: Mário Vinagre
Edição: Chico Medina e Andréia Santos
Revisão: Mário Vinagre
Produção: Cláudio Monteiro
Coordenação: Pedro Barbosa

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